Em busca da glória

Era domingo, numa daquelas tardes de verão a vapor, com os termômetros na casa dos 32 graus. E os meninos ali, na fila do cinema.
Estavam ansiosos pela estréia que iriam ver! A expectativa era enorme. Enorme também era a fila! Chegava a dobrar o quarteirão! De repente, um táxi pára com uma freada brusca! Dele desce um homem de terno e vai logo falando muito nervoso para os meninos:
– Crianças, crianças, vocês precisam me ajudar! Vocês precisam me ajudar a encontrar a glória! Se eu a encontrar, todos serão felizes!!!
Laupinho pergunta:
– Que glória, moço??
– A glória, guri! Se a encontrar-mos será um degrau a mais na nossa vida! Venham comigo, o táxi está à minha disposição!
Os meninos não entenderam nada. Mas ficar ali, naquela fila enorme, com aquele calor, estava por fora. Entraram no táxi, se espremeram no banco de trás e lá foram eles rodar por todo o bairro em busca da glória!
Lili pergunta baixinho: – Ei gente, quando encontrar-mos a glória, o que faremos?
– Ora Lili, seremos os meninos mais famosos do bairro!
– Vamos ¨sair¨na televisão!
– E ganharemos muito dinheiro!
E o táxi seguia por todos os lugares importantes do bairro; parava, o homem de terno descia e ficava feito louco olhando em todas as direções e gritando e gesticulando:
– Alguém viu a glória?! Eu estou em busca da glória! Você viu a glória?
Os meninos também desciam. Ajudavam as velhinhas e os ceguinhos a atravessarem as ruas; davam trocados para os mendigos, não pisavam na grama, e  muitas outras boas ações. Assim, quem sabe, receberiam a glória!
Quando entraram novamente no táxi, o homem de terno lhes disse, ainda mais nervoso:
– Meninos… acabei de dar um telefonema-chave agora! Com esse telefonema eu acho que a glória não escapa de mim!
– E onde ela está então??? – Pergunta Juliudu.
O homem de terno estende a mão e toca o ombro do taxista. O motorista faz uma manobra de 360 graus e vai à toda velocidade. Será que finalmente os meninos encontrariam a glória?
O relógio marcava 18 horas. O táxi parou defronte a uma igreja. O homem desceu e disse:
– Eis, meninos! O lugar onde encontrarei a glória!
E parecia que o homem estava com toda a razão, pois o local estava cheio de pessoas. Todas bem vestidas. Ele pagou ao taxista e subiu as escadarias da igreja na maior rapidez do mundo. Os meninos foram atrás. Queriam estar bem próximos quando o homem encontrasse a glória!
Quando entraram na igreja viram que todas as pessoas presentes suspiraram aliviadas. E os meninos entenderam que se tratava de um casamento.
– E o padre dizia para o homem de terno:
– Senhor fulano de tal, aceita Maria da Glória como sua esposa?
Os meninos não acreditaram. Sentaram na porta e ficaram a dizer:
– Esse homem deve ser louco, gente. A tal Glória que ele tanto procurava era  a sua noiva! Que história mais complicada!
Eles se levantaram, e quando iam embora aparece novamente o homem:
– Crianças, obrigado por me ajudarem a encontrar a minha Glória! Tem um salão ali do lado da igreja. São meus convidados para a festa!
E os meninos riram à toa e disseram:
– Se não se pode com os loucos, junte-se a eles!!
– E será a nossa glória!!!

Ei pessoal, um abraço. Taí mais uma história de minha autoria que foi publicado no extinto Jornal diário da Tarde de BHz. Era o ano de 1997, num sábado dia 19 de abril. O DT, como era carinhosamente conhecido, abria espaço a novatos aos sábados. Eu era um participante ativo, com histórias infantis, e tirinhas, como a do Rauf, um cachorro em aventuras e desventuras. A ilustração original desse conto no jornal, foi do Son Salvador, e por algum erro de edição, seu nome não foi incluído nessa ilustra. Então fica registrado. Son Salvador ilustrou várias histórias minhas, publicadas no DT. Deixo agora a capa e contra capa do suplemente que fazia parte do DT, Sábado Revista, onde esse material era exibido. Tem inclusive uma tirinha do Biriba, um macaquinho legal, criação e produção do Quinho, excelente cartunista das Gerais. 

 

 

 

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